quarta-feira, 21 de novembro de 2007

O Diabo Veste Sapatilhas

Se tem algum medo maior que o meu medo de barata, é meu medo de dona Dora! Garanto que nessa foto ela tá pronta pra dar um tapão na menininha e gritar: "Levanta a cabeça, levanta a cabeça! É bailarina ou lavadeira? Pede pra sair, pede pra sair!" (Com certeza o capitão Nascimento teve aulas de ballet com a ela).

terça-feira, 20 de novembro de 2007

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A la Milan Kundera

O ciúme não é um traço de caráter muito simpático, mas se tomamos cuidado para não abusar dele (se vem acompanhado de recato), ele tem, apesar de todos os inconvenientes, qualquer coisa de comovente. Pelo menos ele pensava assim.

Conheciam-se há um ano, mas ela ainda conseguia enrubescer na frente dele e ele gostava muito dos seus momentos de pudor (primeiro, porque isso a diferenciava das mulheres que conhecera antes dela, e segundo, porque conhecia a lei da universal fugacidade que lhe tornava precioso até mesmo o pudor de sua amada).

Ela sempre enrubescia por antecipação diante da idéia que iria enrubescer. Muitas vezes desejava sentir-se livre, despreocupada, a vontade em seu próprio corpo, como sabia que era a maioria das mulheres com quem convivia.

Essa angústia, ela sentia até mesmo ao lado do rapaz; ela o conhecia a um ano e estava feliz, sem dúvida porque ele nunca distinguia entre seu corpo e sua alma, de maneira que, com ele, podia viver corpo e alma. A felicidade vinha dessa ausência de dualidade, mas, a desconfiança vive perto da felicidade. Pelo menos ela pensava assim.

E nesse afluxo de felicidade melancólica ele compreendia que era amado como nunca. Evidentemente, muitas mulheres já lhe haviam dado provas tangíveis de seus sentimentos, mas, no momento, ele se restringia a uma fria lucidez: será que tinha sido sempre amor? será que não sucumbira algumas vezes a ilusões? não lhe acontecia imaginar mais do que a própria realidade? Tudo ficou bem pálido após os pensamentos e por não ser consciente de tudo isso, não se achava responsável pelos fatos e pensamentos.

Se fossemos responsáveis apenas pelas coisas de que somos conscientes, os imbecis seriam absolvidos antecipadamente de todos as faltas. Acontece que o homem é obrigado a saber. O homem é responsável pela própria ignorância e a ignorância é uma falta.

Ele contemplou aquele rosto terno e acariciou-lhe. Sentiu por ela um amor sem limites e ficou um longo momento sem poder tirar os olhos dela. Pela primeira vez, desde que conhecera a namorada, tentava observá-la com olho crítico, e enquanto ela falava (felizmente ela não parava de falar um segundo, e a ansiedade do rapaz passava desapercebida), descobriu em sua beleza vários pequenos defeitos; ficou perturbado, mas logo se tranqüilizou com a idéia de que esses pequenos defeitos tornavam sua beleza mais interessante, que era justamente por causa desses defeitos que todo o seu ser lhe era tão próximo e familiar.

Pois o rapaz gostava muito da namorada. Mas, se gostava tanto dela, por que cedera à idéia, tão humilhante para ela, de examiná-la com olho crítico? O rapaz não sabia realmente o que devia pensar da namorada, era de fato, incapaz de avaliar seu encanto e beleza.

Ela apenas levantou os olhos para o rapaz e constatou que ele era exatamente como imaginava. Ela podia esquecer de si mesma e entregar-se a ele. Ou não. Já que a desconfiança ficava perto da perfeição. O olhar que ele à lançava significava apenas uma coisa, que estava pensando em outra. Pelo menos ela pensava assim.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Gente que não irrita

Eu admito que muitas coisas me irritam. Muita gente me irrita. Quase tudo que respira me irrita. Se respirar fazendo barulho então! Me irrita loucamente.

Mas para me redimir, e ir pro céu quando morrer, eu juro aqui que gosto de gente! Muitas gentes, até!

Eu gosto de gente que canta alto sem perceber quando está com fones de ouvido. E na rua. Eu gosto de gente que sorri para grávidas. Eu gosto de gente que derruba coisas sem querer. Eu gosto de gente que ri das minhas piadas sem graça.

Eu gosto de gente que gosta de cozinhar mesmo que eu não goste. Eu gosto de gente que para no meio da rua e de debruça em algum muro para cheirar uma flor. Eu gosto de gente que disfarça quando dá uma ajeitadinha no cabelo no espelho do elevador ou no reflexo dos vidros dos carros parados.

Eu gosto de gente que tem teorias. Pode ser sobre qualquer coisa, não faço muita questão. Eu gosto de gente que usa gírias ou expressões totalmente deslocadas (eu disse des-lo-ca-das, e não des-co-la-das) como "fogo na roupa", "serelepe" e "fanfarrão".

Eu gosto de gente que conta histórias nas quais não se dão bem no final. Eu gosto de gente que cita um documentário do Discovery e Padrinhos Mágicos na mesma conversa.

Eu gosto de gente que anda olhando para trás e acaba batendo no vidro. De gente que usa camiseta de bandas legais. De gente com sotaque. Eu gosto de gente que observa em silêncio e ri alto. Eu gosto de gente que olha para o céu quando passa um avião.

Eu gosto de gente que se maravilha. Eu gosto de gente que anda na rua cantando. Eu gosto de gente que faz comida para mim. Eu gosto de gente que gosta de bebês. Eu gosto de gente que toma café e chá. Eu gosto de gente que se esquece, se lembra e ri sozinha, tudo isso em silêncio.

Viram? Eu gosto de gente!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Mãe, terminei!!!

Começo pedindo desculpas ao texto escatológico que seguirá. Mas todo mundo faz número um e número dois. Eu faço. Você faz. O Gael Garcia Bernal faz. O papa faz. Até a Audrey Hepburn fazia, se bem que eu tenho minhas dúvidas quanto a isso.

Agora que estabelecemos que trata-se de algo normal do ser humano, venho aqui expor uma dúvida que me assola há tempos. Não, não é se as pessoas costumam descer as calças até o chão ou se descem apenas até os joelhos. Porque isso já discuti com meus colegas e chegamos a conclusão que meninos descem toda a calça e meninas só até os joelhos.

Na verdade, a dúvida são as dúvidas. Duas.

A primeira é sobre a denominação propriamente dita. Quando a gente é criança, falamos “xixi” e “cocô” e está tudo certo. Mas e quando a gente cresce? Fica estranho um cidadão gente grande dizendo “xixi” e “cocô”, não fica?

Há também os termos mais técnicos, “fezes” e “urina”. Só que esses são os piores, a não ser que você esteja conversando com o seu médico. Aí sim eu concordo que usá-los seja o mais correto. Apesar que tenho certa implicância com termos técnicos, pênis e vagina por exemplo. As piores palavras para denominar o que quer que seja! Pior que isso, só mãe falando "transar". Horrível!

Daí temos por fim as palavras populares, “merda” e “mijo”. Mas elas são muito chulas. Eu imagino um homem bombadão dizendo isso. Acho terrível.

Enfim, fica aí pra gente pensar sério nesse assunto importantíssimo!

A outra questão é sobre as propagandas de iogurte ou qualquer outro produto para evacuação. Devia ter uma censura para isso como tinha para propagandas de cigarro. Passar só após às 3 da manhã! Que coisa mais incômoda! Você fazendo o estilo tranqüilo assistindo televisão e ter que escutar o depoimento de uma jovem sobre as maravilhas de... fazer cocô!

Espécie de auto ajuda? Alguém realmente pode ser mais feliz, alegre e saltitante depois que passa a fazer cocô regularmente? Melhorar a vida toda só alí, no troninho? Não sei, não.

Desculpa mulheres do meu Brasil que sofrem de intestino constipado, mas cagar não faz ninguém mais feliz. O que é uma merda, né?