quinta-feira, 5 de março de 2009

Olhando para o céu...

"Escute: sabe aqueles dias em que a gente se sente realmente atacado?

Uma espécie de melancolia?

Não - ela disse lentamente - Não, a melancolia surge se a gente está ficando gorda ou se choveu durante muito tempo. Você fica triste e é tudo. Mas esta atacação é horrível. Você fica com medo e sua como se estivesse no inferno e o tempo todo não faz idéia do que é que tem medo. Salvo que há um pressentimento de que alguma coisa ruim vai acontecer, só que você não tem idéia do que é. Já sentiu alguma coisa assim?

Com frequência. Algumas pessoas chamam de angst.

Tudo bem. Angst. Mas o que é que se faz quando dá?

Bem, beber ajuda.

Já tentei. Já tentei aspirina também. Rusty acha que eu devia fumar maconha e já tentei umas vezes, mas só me deixa com vontade de rir. O que eu descobri que me deixa melhor é entrar num táxi e ir até a Tiffany's. Me acalma na hora, a tranquilidade, o ar de orgulho que a loja tem; nada de muito ruim pode acontecer pra gente ali, não com esses homens gentis de terno e aquele cheiro lindo de prata e carteiras de couro de crocodilo. Se pudesse encontrar um lugar na vida real que me fizesse sentir do mesmo jeito que me sinto na Tiffany's, então compraria alguns móveis e daria um nome ao gato."



"Nunca se apaixone por um bicho selvagem, sr. Bell - aconselhou-o Holly. - Foi esse o erro de Doc. Ele sempre trazia bichos selvagens pra casa. Truxe um gavião de asa partida. Uma vez chegou a trazer um gato do mato adulto com a pata quebrada. Mas não se pode sar o coração a um bicho selvagem. Quanto mais amor se dá, mais forte eles ficam. Até que estão suficientemente fortes para voltar para a vida selvagem. Ou para voar até uma árvore. Depois uma árvore mais alta. E então o céu. É assim que a gente acaba, sr. Bell. Se a gente cai na asneira de se apaixonar por um bicho selvagem. A gente acaba olhando para o céu."

segunda-feira, 2 de março de 2009

A Caixa e a Chave

Realmente gosto dos filmes do David Lynch. Quando entendo.

Cidade dos Sonhos foi o primeiro que ví e o que mais gosto até hoje. Depois de ver pela primeira vez tive que recorrer ao mundo mágico do Google pra ler sobre a película e assim entender melhor. Consegui. Com a ajuda de críticos de cinema renomados e zés ninguéns consegui entender muita coisa e da segunda vez que ví o filme ele parecia melhor ainda.

Em todos os textos sobre Cidade dos Sonhos que lí o que mais chamava atenção dos autores era o mistério da caixinha e da chave que aparecem no meio da trama. Milhões de significados, todos e nenhum podiam fazer sentido. O que imagino que seja a intenção do diretor e roteirista David Lynch.

Essa semana tive a oportunidade de, lendo o livro 'Em Águas Profundas - Criatividade e Meditação' do próprio Lynch, descobrir o que ele realmente pensava quando colocou lá a caixa e a chave! Ví pelo sumário que havia um capitulo inteiro com este título: A Caixa e a Chave.

Me empolguei.

Segurei a curiosidasde.

Lí na ordem, sem pular nenhuma folhinha para burlar o tempo e chegar antes ao que era um dos meus objetivos principais naquela leitura.

Eis que chego na página 123:

A CAIXA E A CHAVE:
"Não faço idéia do que sejam."

Pronto. Era isso que estava escrito no capitulo inteiro! Nem uma palavrinha a mais!

Agora fico pensando que prefiro não saber melhor sobre a mente insana dos artistas. Não quero acabar descobrindo que a minha música preferida possa ter sido inspirada em um pote de iogurte.

Viva el México!!!

E foi alí, em cima da balança, do ápice dos meus 42,800kg de pura decepção amorosa, que eu finalmente percebi que tudo estava errado. Que eu estava muito errada. E então, decidi fazer o que toda mulher que leva um pé na bunda por msn deve fazer:

Fugir pro México de kombi pra ter um tórrido romance baseado apenas em sexo selvagem e descompromissado com o Gael Garcia Bernal!!!