Domingo é sempre um dia meio perdido devido a ressaca gerada pelo consumo demasiado de caipirinhas de morango, Bacardi Big Apple e cervejas dos sábados à noite. Geralmente, por causa do gosto de guarda chuva na boca e certo enjôo, é um dia em que eu não almoço.
Mas hoje almocei. Levantei e fui almoçar no Mercadorama. Alguém que come em quantidades exorbitantes, como eu, sempre gosta de restaurantes de buffet à quilo (aliás, tenho teorias interessantes sobre como se servir nesse tipo de restaurantes, mas fica para outro dia).
Enfim, nada disso importa. Focando no assunto.
Estava eu almoçando ao lado de uma mulher com seu filho que tinha por volta de 5 ou 6 anos, imagino. Não era fácil fazer o "Alemão", como a mãe o chamava, comer. "Huuuum, mas que delícia essa comidinha", dizia a mãe. "Quer pra você, então?", respondia o menininho simpático como se estivesse fazendo um grande gesto de carinho para com a mãe.
"É melhor você comer, a bruxa tá lá atrás vendo as criancinhas que não estão comendo." E o Alemão olhava assustado para trás e engolia uma colherada. "Come direitinho se não o Homem do Saco vai ver e vem te buscar." Mais uma colherada assustada. "Quer que o lobo mau venha aqui? Quer que o bicho papão te pegue? Então é melhor comer tudo! Eles não gostam de crianças que não comem".
A Bruxa, o Homem do Saco, o Lobo Mau, o Bicho Papão... todos presentes!
Moral da história?
Todo o imaginário infantil almoça no Mercadorama nos domingos. Afinal, seria injusto fazer com que a coitada da Cuca passasse o domingo com a barriga listrada esquentando no fogão.
