quinta-feira, 22 de abril de 2010

Osklen

Para a minha pós em moda aqui em Porto Alegre tive que fazer um trabalho de marketing estratégico para alguma marca de moda. Meu grupo escolheu a Osklen, do Oskar Matsavaht, porque o cara é gaúcho (esse bairrismo todo daqui as vezes me irrita).


Mas eu sempre gostei da Osklen! Acompanho a um tempo as coleções que acho sempre muito bem trabalhada, pensada e desenvolvida. Eu gosto de todas as marcas que trabalham mais uma parte conceitual, mesmo que, como a Osklen por exemplo, seja um conceitual comercial demais.


Mas o que eu quero contar é que ao fazer as pesquisas pra esse trabalho me decepcionei muito com a marca. Até a parte conceitual que eu admirava. Continuo achando o trabalho de design deles impecável, o que me incomoda é o pensamento.


Não tenho nada contra as marcas de luxo (a pesar de achar que a última marca de luxo que sobrou é a Hèrmes). Não tenho nenhuma peça da Osklen porque, primeiro, não tenho condições financeiras pra isso; segundo, o estilo que eles fazem, não combina comigo (nem com o clima das cidades onde eu vivo).


Essa é uma das questões: a Osklen, diz vender não apenas roupas "mas um estilo de vida cosmopolita brasileiro". Essa história de vender o peixe em cima do conceito de 'Brasil' é muito conversa fiada. Primeiro porque a idéia de brasileiro vendida pela Osklesn é a zona sul do Rio de Janeiro apenas. Se algum estilista aqui faz moda brasileira é o Ronaldo Fraga e só. E segundo porque essa idéia de Brasil que a Osklen tanto "se orgulha" de vender aqui fica totalmente de fora do branding no exterior, já que a marca acredita que sinais de brasilidade desagradariam os clientes de fora do país. Não fica estranho?


E depois, que eu achei a Osklen uma marca totalmente elitizada. Não acho isso errado, mas quando o criador se diz um homem com preocupações sustentáveis e sociais, vender qualquer peça da loja por preços absurdamente altos fica um pouco fora de mão.


Acho super interessante todo o trabaho que o Oskar faz em cima da sustentabilidade, da preservação da natureza, da importancia do uso de tecidos de fibras naturais, etc. Mas são ações que ficam restritas à um público AA! (Ou à que acaba pesquisando sobre o assunto). E sejamos realistas! O que representa o público AA dentro do nosso país? Isso é preocupação social?


A grande maioria dos estilistas brasileiros do nível do Oskar utilizam as parcerias pra esse tipo de coisa. O Alexandre Hertcovitch, por exemplo, vende suas peças a um preço muito alto, sim, mas tem parcerias com a Melissa, com a Zelo, com a C&A e até com BandAid! Isso não só divulga a marca, mas divulga um conceito.


Sim, a Osklen tem parcerias. Com a H.Stern, Cartier, Crysler... Oquei né? Essas não valem!


Entendem o que eu quero dizer? Eu respeito muito a Osklen e todo o trabalho dela, mas não acho legal vender um peixe tão caro em cima de conceitos sociais falsos.
Se dá pra usar o design pra fazer algo bom, pra que não fazer?

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