segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Por que não? Por que nãããão?

Porque o Caetano Veloso e Alegria, Alegria (aquela do "caminhando contra o vento, sem lenço, sem documento..."), apresentada no terceiro Festival de Música Brasileira da Record foram tão questionados e importantes pra cultura brasileira? Tanto que essa semana estreiou até um documentário no cinema sobre esse assunto. (Que eu ainda quero ver!!)
Fora a letra de Alegria, Alegria, o que mais impactou na apresentação de Caetano foi o uso da guitarra elétrica. Sim... isso! O que para nós parece tão simples, como o uso de uma guitarra para acompanhar qualquer música que seja, no festival foi motivo de grande controvérsia e escandalo.
Explico.
De 1964, com o Golpe de Estado, até 1968, quando o AI-5 obrigou certas mudanças no comportamento dos artistas, a música popular brasileira era um veículo de protesto político (com certeza o que mais abrangia todas as classes, já que a música realmente tem esse poder) contra a situação da ditatura que o Brasil vinha sofrendo.
Era um senso comum, no ramo, valorizar as raízes culturais do país, mantendo-se fiél às tradições da música popular brasileira como forma de articular um projeto de identidade nacional. Assim, a guitarra elétrica (vista como super extrangeira e coisa do rock'n'roll - iê iê iê) trazida por Caetano Veloso num festival de MPB não só gerou escandalo como o artista foi amplamente criticado por ser alienado, já que estava fora dos padrões que os artistas engajados vinham seguindo para fazer a música. O importante não era só a letra, mas a maneira como a música era articulada também passava uma mensagem (como tudo na arte, onde forma e conteúdo são responsáveis pelo conceito).
Não é incrível??? É só uma guitarra!! E, a partir daí, gerou uma total mudança no cenário cultural brasileiro. O que parece ser uma besteira pode ser responsável por coisas muito maiores!
A guitarra elétrica trazida por Caetano Veloso virou um ato simbólico para a desorganização que o artista pretendia. Um verdadeiro símbolo da Tropicália e de tudo o que estava por vir na arte brasileira.
P.s. Eu juro que me emociono com essas coisas!!!
P.p.s. Não, mesmo assim eu me recuso a dizer que o Caetano é melhor que o Chico!

Um comentário:

Anônimo disse...

me gusta la guitarra!
vic